A Pastoral Carcerária lançou no sábado (26), na Casa das Irmãs Sacramentinas, em encontro ocorrido em Belo Horizonte, a cartilha de formação para agentes Maria e as Marias nos cárceres. A cartilha é publicada pela editora Paulus. Para comprar a cartilha, clique aqui.
O livro é o resultado de um grande mutirão que vem sendo feito nos últimos anos com a finalidade especifica de colaborar na formação dos e das agentes da Pastoral Carcerária a buscarem de uma forma mais aprofundada o trabalho no cárcere levando em conta a vulnerabilidade e invisibilidade das mulheres presas.
Temas diversos são tratados, como tortura no cárcere feminino, o atendimento à saúde da mulher presa, a população LGBT no cárcere, mulheres estrangeiras e indígenas presas, maternidade no cárcere. As mulheres profetas na bíblia, os fundamentos das práticas restaurativas e a agenda do desencarceramento apontam luzes e saídas.
Para a Irmã Petra Silva, coordenadora do setor de mulheres da Pastoral Carcerária, a cartilha reflete o trabalho da PCr com as mulheres presas, além de apontar para o compromisso de uma nova postura como igreja.
“Esse livro tem foco especial no nosso trabalho com mulher encarcerada, pois faz muitos anos que a PCr nacional tem um olhar específico para essa questão. É um sinal de ser igreja, fazendo em conjunto um caminho junto ao reino de Deus, para que ele se realize, rumo a um mundo sem cárcere”.
Vera Dalzotto, agente da Pastoral de RS e membro do GT nacional da mulher presa para a questão das mulheres presas, analisa a importância do livro.
“A cartilha nos traz empoderamento no debate da questão da mulher presa. A mulher presa é vulnerável e invisível, suas necessidades básicas não são atendidas, e as necessidades mais profundas são completamente ignoradas”.
A capa, que tem a silhueta de uma mulher grávida é, segundo Vera, um chamado à reflexão. ela nos lembra que a maioria das mulheres encarceradas são mães e as filas das visitantes são de mães, mas provoca o leitor a ver a mulher presa para além da maternidade.
“A silhueta da mulher grávida com palavras dentro nos provoca a ver a mulher para além do papel de reprodutora, uma mulher que tem seus sonhos. Essas palavras nos remetem à liberdade, que nos é negada nas cadeias. A silhueta deve aprofundar nossa visão de mulher. A capa pode ajudar muito a fazer visível a mãe dentro da cadeia, mas também as mulheres cheias de desejos, que precisam se empoderar dentro de uma sociedade machista”.